Mentiras, por Anselmo Fábio de Moraes*
Considero que a semana passada foi consagrada a trazer enganações à tona. Não consigo esquecer a cena da apresentadora americana de TV Oprah Winfrey perguntando se ele tinha tomado substâncias proibidas para melhorar o seu rendimento no ciclismo.
“Sim”, foi a resposta. E, pela primeira vez, o mundo ouviu do próprio Lance Armstrong, já cansado de mentir, o reconhecimento de que era uma farsa. Neste momento, a imagem de um dos maiores atletas do ciclismo mundial se desfez instantaneamente. Sete Tours de France e medalha olímpica jogados no lixo.
A outra grande enganação foi a história de o Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, conceder passaporte diplomático ao líder de uma igreja evangélica e à mulher dele. A decisão foi publicada no “Diário Oficial” e, segundo o órgão, não é privilégio exclusivo deste pastor. Pelo que se lê nos jornais, a legislação que trata da posse de passaporte diplomático, um decreto de 2006, determina que apenas funcionários públicos em altos cargos ou em missões internacionais podem receber o documento.
De um lado, o ciclista antes considerado o melhor e respeitado por ser exemplo de superação admitindo que era uma fraude. De outro, um órgão dito de credibilidade (salvo melhor juízo) burlando a legislação. Revelações como estas me fazem pensar que não tem como escapar: as mentiras estão impregnadas no cotidiano do ser humano.
Sempre correlaciono a mentira com um ditado sobre roubo que o falecido Chico do Ernesto, dono de um famoso bar em Joinville, nos contava: “Esta história de que a ocasião faz o ladrão é falácia. A ocasião só faz o roubo. O ladrão já estava feito”, dizia ele. Daí digo: a ocasião só faz a mentira. O mentiroso já está feito, há muito!
O ladrão não devolve o troco a mais que o caixa do supermercado lhe deu. Mesmo sabendo que o funcionário terá de pagar pelo erro, fica quieto. E ainda se acha esperto. Se tiver chance, rouba um banco.
O mentiroso começa com mentirinhas inocentes que, teoricamente, não trazem consequências. Com o tempo, passa a contar mentiras de grandes dimensões. Descobertas, estas podem levar a um desfecho patético e humilhante, como ocorreu com Armstrong.
Por mais idosos que sejamos, e consequentemente nos entendendo mais experientes, somos constantemente surpreendidos com mentiras. Penso, então, naquela história: morro e não vejo tudo! Ou será: vejo tudo e não morro?
*mestre em engenharia civil
Fonte: http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a4018066.xml&template=4187.dwt&edition=21240§ion=892
“Sim”, foi a resposta. E, pela primeira vez, o mundo ouviu do próprio Lance Armstrong, já cansado de mentir, o reconhecimento de que era uma farsa. Neste momento, a imagem de um dos maiores atletas do ciclismo mundial se desfez instantaneamente. Sete Tours de France e medalha olímpica jogados no lixo.
A outra grande enganação foi a história de o Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, conceder passaporte diplomático ao líder de uma igreja evangélica e à mulher dele. A decisão foi publicada no “Diário Oficial” e, segundo o órgão, não é privilégio exclusivo deste pastor. Pelo que se lê nos jornais, a legislação que trata da posse de passaporte diplomático, um decreto de 2006, determina que apenas funcionários públicos em altos cargos ou em missões internacionais podem receber o documento.
De um lado, o ciclista antes considerado o melhor e respeitado por ser exemplo de superação admitindo que era uma fraude. De outro, um órgão dito de credibilidade (salvo melhor juízo) burlando a legislação. Revelações como estas me fazem pensar que não tem como escapar: as mentiras estão impregnadas no cotidiano do ser humano.
Sempre correlaciono a mentira com um ditado sobre roubo que o falecido Chico do Ernesto, dono de um famoso bar em Joinville, nos contava: “Esta história de que a ocasião faz o ladrão é falácia. A ocasião só faz o roubo. O ladrão já estava feito”, dizia ele. Daí digo: a ocasião só faz a mentira. O mentiroso já está feito, há muito!
O ladrão não devolve o troco a mais que o caixa do supermercado lhe deu. Mesmo sabendo que o funcionário terá de pagar pelo erro, fica quieto. E ainda se acha esperto. Se tiver chance, rouba um banco.
O mentiroso começa com mentirinhas inocentes que, teoricamente, não trazem consequências. Com o tempo, passa a contar mentiras de grandes dimensões. Descobertas, estas podem levar a um desfecho patético e humilhante, como ocorreu com Armstrong.
Por mais idosos que sejamos, e consequentemente nos entendendo mais experientes, somos constantemente surpreendidos com mentiras. Penso, então, naquela história: morro e não vejo tudo! Ou será: vejo tudo e não morro?
*mestre em engenharia civil
Fonte: http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a4018066.xml&template=4187.dwt&edition=21240§ion=892
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